quarta-feira, setembro 07, 2011

||| Definindo Londres |||

Esta não será uma tarefa fácil, pois existem coisas que são mais sentimento do que razão. Ouço muito a seguinte pergunta " Por que voltar para esta cidade?" 
 
Pensando sobre isso cheguei a conclusão que este será o meu desafio, ultrapassar a emoção para descrever a minha paixão pela coordenada 51° 30′ 28″ N0° 7′ 41″ W. 

Talvez esta seja a direção do meu destino?! Existem coisas entre o céu e a terra que desconhecemos, né! Frase é um tanto démodé, mas ajuda!

Como o assunto é "Definindo Londres" vou começar postando uma, entre outras,  definições que desperta uma simpatia e um pensamento de "concordo". 

"Quem está cansado de Londres, está cansado da vida; há em Londres tudo que a vida pode proporcionar." Samuel Johnson - escritor e pensador inglês.

Sempre que leio esta frase me pergunto o que existe nesta cidade que alivia e estimula a vida?! 

Agora tenho a oportunidade de confirmar uma possível resposta. 



TTFN or ta ta for now!





sexta-feira, setembro 02, 2011

||| القاهرة - Cairo - Quem sou eu?! |||



Experiência alcançada é algo que não se tira, só se divide!

Meus dias no Cairo foram emocionantes. A cidade e a cultura mexeram com a minha estrutura mental e física.
Houve momentos de pausa para reflexões sobre a vida, não que eu quisesse, mas aconteceu naturalmente. O que tenho dela? O que eu quero dela? Qual a minha relação com o semelhante? Existe vantagens em se ter mais? O que é necessário? Qual a definição do mais? Se precisa de pouco para ser feliz? Destino ou conformismo? Muitas perguntas e muitas respostas. Para saber será necessário vivenciar...

Quando se mergulha em uma experiência onde a fé é mais importante do que qualquer coisa, você não sairá ileso, mesmo que não seja a sua fé é possível ver beleza e a pureza das ações, costumes e na forma de devoção.  

Para poder sentir estas energias eu tive que me livrar de todos os meus medos, anseios, julgamentos, traumas, opiniões, crenças para me aprofundar na cultura e no que eles poderiam me ensinar.

Os encantos começaram quando descobri a essência do Ramadã na vida deles. Não faço ideia da sensação, além de fome, do que é ficar aproximadamente 15 horas em jejum (literalmente) com dias em que a temperatura pode chegar a 38 graus ou mais, sem desconsiderar que o ar é seco e que eles trabalham. Tudo bem que alguns lugares possuem um horário especial neste período, mas isto não importa, eles trabalham.

Por volta das 18h, o trânsito da cidade é caótico, apesar de ser comum tanto de dia como de noite, mas neste momento é porque todos estão indo voltando para suas casas a fim de fazer a oração e quebrar o jejum em família, momento extremamente importante.  

Lembro-me das vezes em que ouvia o auto falante da mesquita chamando os homens para as orações, naquele momento meu corpo arrepiava e era tomado de uma tremenda emoção.

Por ter uma mesquita ao lado do hotel, eu sempre ouvia o chamado das orações, não importava o horário, o alto falante anunciava o momento de orar.

Nos primeiros dias eu acordava, quando isto era durante a noite/madrugada, mas depois fez parte.

Para vocês terem um ideia existe um calendário do Ramadã dizendo qual é o horário de inicio e fim do jejum, exemplo: dia 30/08 – inicio “Imsaak” às 4:02 e o fim “Iftar” às  18:21.

Em um destes dias eu estava no trânsito com amigos e no horário de finalizar o jejum dois homens começaram a distribuir suco, de uma fruta típica se não me engano. Ao ver este gesto não entendi, mas aceitei o suco.
Depois questionei o significado e me disseram que a caridade faz parte das ações e que ajudar alguém a quebrar o jejum é muito bom.  Foi um momento de muito significado e pureza, algo feito realmente de coração, assim como todas as vezes em que presenciei homens orando, independente do lugar, ao longo do dia ou noite, os homens lendo o Alcorão no metrô, no trânsito, ônibus e nas ruas.

Toda esta experiência contou com o super apoio e companhia de duas amigas, Maitê e Jéssica, entre outros amigos delas que conheci e que me proporcionaram uma profunda vivência na cultura Egípcia.

Entre tantas, vou comentar algumas:

Dias da semana: Aprendi que a semana começa no Domingo e termina na Quinta-feira.

Comida: Os alimentos são fortes, usa-se muito macarrão, arroz, carnes, exceto porco por conta da religião, cereais, vegetais, entre outros. Os doces são extremamente doces, talvez para compensar a falta de açúcar do chá. Sorvete, todos os que provei eu aprovei.  A culinária é rica e muito atraente.
O  melhor é que existem determinadas comidas que se comem com as mãos, sem ajuda de talheres. No inicio achei um pouco estranho, mas depois de alguns dias eu amei a experiência e fiquei super adepto.



Shisha: Mais conhecido como Narguilé no Brasil. (Narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar).  A Shisha é tradicional na cultura e todos fumam, exceto crianças.   No inicio resisti um pouco, mas nem preciso comentar.

Música: As típicas estão por todos os lados, são da mesma melodia que temos como referência de uma determinada novela, [risos]. Certa vez fomos jantar e no local havia um grupo se apresentando músicas típicas.  Foi incrível ver as famílias em torno das mesas cantando, fazendo os movimentos de braços e olhares, algo que só tinha visto na novela. Foi empolgante!

Noite: O Cairo é uma cidade totalmente noturna. A vida inicia praticamente após às 18 horas e vai madrugada a dentro. Você sempre tem algo para fazer. De um passeio de Faluca (barco) pelo rio Nilo até ficar em um bar fumando Shisha madrugada a fora.

Egiptian Time: Os Egípcios tem uma particularidade quanto aos horários, eles não são pontuais. Eles podem atrasar até uma hora.

Homens e Mulheres: Já comentei sobre o cumprimento caloroso entre os homens e de fato tem mais. Eles andam nas ruas de mãos ou braços dados, abraçados, isto é super comum e NORMAL. Com as mulheres existe uma questão de respeito sobre estas demonstrações de afeto público.
Mulheres andam juntas, mas não percebi que eles adotam a mesma postura dos homens, são mais reservadas, falando da geração mais conservadora, pois existem as jovens que usam as roupas típicas mais tem um contato mais próximo com as amigas, mas sempre de respeito, afinal isto é uma característica forte da cultura.
cumprimentar com um beijo no rosto ou um abraço é estranho, afinal foi assim, me policiei desde a roupa, sempre calça jeans e camisetas, até o cumprimento entre amigos. Acho que faz parte respeitá-los independente de ser estrangeiro.
Um dos pontos mais interessantes que me dei conta depois que fui embora é que dos 10 dias no Cairo eu só conversei uma mulher egípcia.  Ela me vendeu um lenço de papel. Isto era algo que eu já esperava, pois a maioria do comércio é liderado pelo homens.

No geral tive a oportunidade de conhecer lugares frequentado por turistas e outros locais não. Todos os lugares foram fantásticos, pois eu sempre tinha algo para extrair.

Nunca na minha vida pensei em conhecer um Oásis, mas assim se fez! Fantástico olhar para aquele lugar verde, cheio de casas, piscina e uma lagoa ao fundo no meio do deserto.

As pirâmides são emoção pura, lugar de muita energia e significado, não só histórico, pois desde a sua construção até as posições que foram erguidas têm uma justificativa envolvendo uma crença conforme a cultura da época, que particularmente me fascina.

Existem muitos lugares que conheci e todos com sua particularidade, mas quero acrescentar um evento que participamos na minha última noite no Cairo.
Inicialmente, assistiríamos uma apresentação de Tanura  (dança típica) mas quando chegamos ao local a casa estava lotada e não poderíamos entrar.  Como a noite no Cairo é intensa, ao lado deste centro cultural havia outro com um festival Sufi  (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo).

Ao entrarmos vimos que o local estava lotado, sem lugar para sentar. Estávamos lá e eu não fazia a menor ideia do me esperava. A única certeza é que haveria música e talvez dança.

Minutos depois conseguimos sentar, pois foram colocadas cadeiras ao longo do corredor e, por sorte, ficamos com o primeiro puf  a poucos metros dos grupos.
O desconhecido dá medo, mas não neste caso, porque ele foi renovador. Este encontro de músicas típicas da cultura Sufi foi cantado por diversos grupos (Egípcios, Paquistaneses, Turcos, Indianos, Sírios e Tailandeses (se não me engano). Inicialmente cada grupo apresentou uma música e ao final todos cantaram a mesma canção. As músicas foram em idioma local de cada grupo, mas naquele momento eu não precisava entender nada, porque era só a alma presente.
Entre todos os eventos que já fui eu nunca chorei tanto, até mais do que no casamento da minha mamãe Dedé aos 11 anos. Eu praticamente lavei a alma da primeira até a última música. Infelizmente é algo que não dá para explicar, mas posso dizer que realmente nada é por acaso.
Este evento foi uma despedida com chave de ouro para o Cairo e com gostinho de quero mais.

Muitos sabem que tenho uma relacionamento singular com Londres, mas desta vez um lugar como o Egito conseguiu, entre outros lugares que já tive oportunidade de conhecer, fazer uma ruptura nesta relação ou pelo menos uma divisão de atenção.

O que posso dizer sobre o minha vivência no Egito é que não sou mais o mesmo, querendo ou não, o meu olhar está em outra direção! 

Agradeço a todos que estiveram comigo nestes dias, pois esta experiência é para toda a vida!



Oásis - Fayyum

Oásis - Fayyum - vista da piscina

Cairo - Mesquita - Cidadela

Doces Típicos

Passeio de Faluca pelo Nilo

Dispensa apresentações

Apresentação de Sufi


Ma’a salama

Agora a aventura é Londres!

quarta-feira, agosto 24, 2011

||| Descobrindo a comunicação - القاهرة - Cairo - parte 2 |||

[novela local]

Realmente a comunicação é tudo nesta vida, independente da forma, mas principalmente a verbal. Não dominar o idioma local me fez sentir como uma criança não alfabetizada em um corpo de adulto, mas de tudo se extrai um aproveitamento.

Técnica de alfabetização por novela: Lembra daquela novela do “plin, plin” que foi Top em 2002, cujos os bordões eram usados para brincadeiras e, que por sinal, está sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo?   Pois é, nunca pensei que foi escrever isso, mas um “viva” para a novela O Clone, sabe por quê?

“Chokran – Obrigado”;

“naAm – Sim”;

“laa – Não”;

“As-Salaam Alaykum – Que a paz esteja contigo”- utilizado para cumprimentar;

“Alaykum As-Salaam – E sobre vós também” – resposta caso alguém te cumprimente primeiro.

Foram as expressões mais úteis para ingressar os primeiros passos no Cairo. 

Importante: a escrita destas palavras variam de acordo com a transcrição de um determinado idioma, pois a língua Árabe possui caligrafia própria -  فن الخط fann al-jaṭṭ.

Em qualquer lugar a comunicação era feita por palavras básicas  e dependendo do local (turístico) por Inglês. De qualquer forma, eles sempre conseguem uma forma descontraída e envolvente se fazer entender, incrível.

Como uma boa imersão na cultura, assistir aos canais de TV local estavam na lista.

Dos 30 canais disponíveis no hotel 10 eram dedicados a oração, 6 para noticiários (entre locais e do mundo), 1 canal com séries americanas e os demais para a TV local (entre desenhos, comédia, clip, novelas, filmes e programas de culinária).

Ao assistir aos canais árabe comecei a pensar na necessidade de querer entender as coisas, digo isso porque nem todos os canais são em inglês/traduzidos, para dizer a verdade somente dois são em inglês e os demais são todos em árabe, sem tradução/legenda.


Mesmo não entendendo compreendi que todos os canais da TV local passam por um crivo de censura sobre o contexto do que será exibido. O que posso dizer é nada de beijos, abraços calorosos ou grandes contatos físicos...

Você conseguiria imaginar um Mulçumano assistindo a nossa TV? 

“Haraam” – esta palavra eu nem preciso traduzir!


Independente de não entender nada me senti muito a vontade e continuei assistindo novelas, desenhos (realmente educativos) e programas de comédia, dependendo do momento até noticiários.

O bom disto tudo é que a percepção fica cada vez mais aguçada ao invés de potencializar a necessidade de querer entender tudo! 
Talvez esta seja uma das lições, pois na vida nem sempre conseguimos entender tudo! 

Quer ouvir algumas pronúncias, acesse:



Destaques:

Dois comerciais de grandes empresas para vocês terem uma ideia da aventura.



[Comerciais especiais para o Ramadã]


 [Friends domina o mundo]

 [noticiário local]

[transmissão direto de Meca - oração 24h

Ma’a salama!

domingo, agosto 21, 2011

||| Descobrindo para desmistificar - القاهرة - Cairo - parte 1 |||


A decisão de ir para o Cairo – Egito veio pela oportunidade de encontrar uma amiga que está morando lá, além de que, quando eu era criança tinha um fascínio pelo Egito com suas pirâmides, múmias, Cleópatra, Faraós, entre outras histórias. 

Na adolescência tive alguns sonhos e em um deles tive a oportunidade de vivenciar um momento de mumificação em alguma das 30 dinastias que existiram, foi mágico. 


A partir deste dia descobri que meu signo Egípcio corresponde ao Deus Anúbis, senhor da mumificação e da morte. Intenso!

Com a viagem programada era hora de pesquisar um pouco mais sobre o país, pois a cultura egípcia da época dos Faraós só se encontra em museu e nos monumentos. 

Para mim o mais excitante seria conhecer um país de cultura Árabe (mulçumana) e principalmente ir de encontro com um período super importante para os mulçumanos, o Ramadã.


O que é Ramadã: O Ramadã (português brasileiro), também grafado Ramadan (em árabe رَمَضَان) é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam, صَوْم), o quarto dos cinco pilares do Islão (arkan al-Islam).
A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo fato do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano.
Neste período, é um tempo de renovação da , da prática mais intensa da caridade e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correção pessoal e autodomínio.
É o único mês mencionado pelo nome, por Deus, no Alcorão:
O mês do Ramadã foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e evidência de orientação e discernimento.

Após uma pequena imersão nos conhecimentos necessários para evitar constrangimentos e uma rápida aula de árabe (Guia Egito) o grande momento chegou!
Ao sair de casa deixei para trás tudo o que sabia dos últimos acontecimentos no Cairo e de todos os comentários sobre o Egito,  como: “Que loucura!”, “Ai meu Deus!”, “Tem certeza?, entre outros.
Confesso que no fundo sentia um certo receio, medo, até porque quando se pensa em um país Árabe não lembramos primeiramente de pontos positivos, já colocamos um preconceito, ou seja, algo criado em nossa mente, mas eu estava disposto a pagar para ver. 
Depois de 15 horas de voo, entre 8 horas de espera para conexão, o Egito era mais que real.
Só entendemos a dimensão de certas coisas quando realmente nos deparamos com ela. Ao pisar em solo Egípcio foi um misto de realização, surpresa, energias, calor, expectativas e cansaço!
Neste exato momento comecei a reconstruir  tudo o que tinha de imagem ou pensava sobre o país. Muita coisas o Guia já sinalizava, mas quando você vê a história é outra.
O primeiro impacto foi logo no Aeroporto ao ver a maioria das mulheres vestidas com Xador, Niqab e hijab (vestimenta que cobre os cabelos e orelhas, deixando apenas a face à mostra). Os homens usando “galabeya”, roupa típica e comum, além de alguns usarem os turbantes. Sobre o idioma nem tem o que dizer, pois é completamente impactante.
Enquanto estava esperando minha amiga fiquei num canto da área de desembarque observando. As pessoas que saiam eram recebidas pelos parentes/amigos ao gritos, flores em sinal de felicidade e, o mais caloroso dos cumprimentos, fica entre os homens. Eles se cumprimentam com dois beijos na bochecha e um abraço apertado.
Enquanto praticava a obervação, discretamente, da vida alheia, recusei aproximadamente 15 ofertas de táxis (em 25min), pensa que em cada oferta eles faziam umas 5 perguntas, pois não era um simples “não, obrigado” que encerrava o assunto. Eles queriam negociar mesmo quando eu dizia que esperava por uma amiga. 
Nestas horas eu pensei que minha cara de Árabe, Turco poderia ajudar, mas não ajudou em nada! Eu era turista com cara de Árabe, Turco e adjacências.
A partir daí a ficha caiu “Bem-Vindo ao Cairo!”
Ma’a salama (Tchau)

segunda-feira, agosto 15, 2011

||| Descobrindo para desmistificar - Cairo - Egypt |||

Se passou tanto tempo desde o último post que o melhor é seguir em frente.


A experiência em 2010 foi maravilhosa. 

Tive a oportunidade de morar com uma família Inglesa, estudar e experimentar Londres de outra forma, além turística. 

Berlin foi encantadora pela sua história e o acolhimento da cidade e dos alemães. 

Praga foi mágica, pois transmitiu uma energia poderosa e renovadora. Acredito que tudo isso foi devido à sua história e os monumentos do povo celta.

E não posso deixar de mencionar que conheci lugares especiais e fiz muitos amigos!

Ao final ganhei um acervo fotográfico recheado de registros destes dias e uma lembrança tatuada de muitas emoções desta aventura.

Agora é 2011 e está na hora de descobrir!

E desta vez o Egito é o meu destino!

Já posso adiantar que tenho muitas fotos e muitas histórias, afinal, desde o dia 9 de Agosto estou desfrutando este país maravilhoso e exótico!